O vídeo abrigado acima, publicado em outubro de 2013 em um canal oficial da própria Prefeitura de São Luís, confirma que a canalização e retenção do canal do Rio Gangan, no trecho da Avenida Eurípides Bezerra, e a construção da Ponte Pai Inácio faziam parte da mesma obra, bancada com recursos do governo federal, por meio do Ministério da Cidades.
Construção nunca existiu e o dinheiro sumiu</strong>
<figcaption itemprop='caption'>Edivaldo Holanda Júnior em outubro de 2013, anunciando para a população, no próprio local, a construção da Ponte Pai InácioPREFEITURA DE SÃO LUÍS/DIVULGAÇÃOCONSTRUÇÃO NUNCA EXISTIU E O DINHEIRO SUMIUEdivaldo Holanda Júnior em outubro de 2013, anunciando para a população, no próprio local, a construção da Ponte Pai Inácio










Nas imagens, após mostrar que os serviços de canalização já estavam concluídos, é informado que o prefeito Edivaldo Holanda Júnior iria dar continuidade à obra e construir a ponte sobre o Rio Gangan, além de urbanizar a área, ligando os bairros do Parque Vitória e Turu Velho, como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2.
Aos 1 minuto e 30 segundos do vídeo, o ex-titular da Secretaria de Obras e Serviços Público de São Luís (Semosp), José Vieira, que caiu do cargo pouco tempo depois por corrupção, informa que já iriam ser iniciados os serviços de terraplanagem, a construção da ponte, edificação do canal no trecho da Pai Inácio e, por fim, a ligação do canal, que seria da Rua Nossa Senhora da Vitória, no Parque Vitória, até o trecho que fica entre a Avenida Eurípides Bezerra e a Avenida São Luís Rei de França.
No destaque em amarelo, trecho em que a própria Prefeitura de São Luís diz que a construção da Ponte Pai Inácio faz parte do PAC
PREFEITURA DE SÃO LUÍS/YOUTUBEOBRA FEDERALNo destaque em amarelo, trecho em que a própria Prefeitura de São Luís diz que a construção da Ponte Pai Inácio faz parte do PAC











Na publicação feita pela Comunicação do Executivo municipal, é possível ainda observar que a até mesmo na própria descrição do vídeo, a Prefeitura de São Luís confirma que a construção da ponte fazia parte da obra federal.
Como os vereadores da Câmara Municipal de São Luís são subservientes ao Poder Executivo municipal - com exceção do peemedebista Fábio Câmara, na Assembleia Legislativa do Maranhão, o caso está sendo acompanhado pelo deputado Wellington do Curso, que cobrou esclarecimentos à prefeitura, ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério das Cidades. Por envolver verba federal, a deputada Eliziane Gama (PPS-MA) promete levar a suspeita de desvio de verba à Câmara dos Deputados.

Recurso federal

De acordo com dados da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Portal da Transparência do governo federal, o valor do investimento feito no Rio Gangan foi de R$ 7.831.491,22, sendo o valor financiado de R$ 7.380.369,19, e a contrapartida da prefeitura de R$ 427.284,53.
A tela de acompanhamento das obras da CEF e do Transparência informa ainda que os serviços já estão concluídos, e que o valor liberado para a Prefeitura de São Luís é de R$ 7.143.325,39, tendo como última data de liberação o dia 5 de maio de 2015, no valor de R$ 143.662,72, o que indica que a gestão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior continuou e continuará recebendo o restante do dinheiro, embora a data da última medição tenha sido feita deste o dia 23 de fevereiro deste ano.

Recurso municipal

Placa da ponte fantasma de Edivaldo Holanda Júnior, que não resistiu ao descaso e a espera do dinheiro público começar a ser empregado na obra
HILTON FRANCOCADÊ O DINHEIRO QUE ESTAVA AQUI?Placa da ponte fantasma de Edivaldo Holanda Júnior, que não resistiu ao descaso e a espera do dinheiro público começar a ser empregado na obra










Um outro fato que também chama atenção sobre a ponte fantasma Pai Inácio está na falta de explicação por parte de Edivaldo Holanda Júnior para a placa colocada pela Semosp no local ainda no ano de 2013.
Segundo a placa, que violava a obrigação legal de informar o valor, a empresa responsável e o período da obra, a construção da Ponte Pai Inácio seria feito com recursos da própria Prefeitura de São Luís.
Passados quase dois anos, a placa, que chegou a ser derrubada e abandonada por meses no local, como mostra a imagem ao lado, foi levada por funcionários da Semosp, mas a construção da ponte nunca foi iniciada, nem foi informado onde foi parar os tais recursos do município.

Recurso estadual

No início desta semana, foi a vez do governador e patrono de Edivaldo Júnior, Flávio Dino (PCdoB), dar provas de que pretende fazer de tudo para que o seu afilhado e protótipo do discurso da mudança se reeleja em 2016.
Para abafar o caso de suspeita de desvio de dinheiro público federal e municipal, Dino tratou de incluir a construção da ponte fantasma no programa estadual interbairros, e reinaugurou o início da obra pela segunda vez, quase dois anos depois da primeira inauguração. Curiosamente, a camaradagem do governador do Maranhão é tão suspeita quanto o escamoteio de Edivaldo, já que o comunista anunciou apenas a construção da ponte, porém sem informar o valor, a empresa responsável, bem como o período de construção da Ponte Pai Inácio.