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O Cemitério
da Saudade em Piracicaba (SP) carrega lembranças, histórias e lendas de
personalidades e famosos que foram enterrados ali ao longo dos seus mais de 150
anos. Uma delas é a "criança milagrosa”, que morreu em 1921 engasgada com
uma chupeta. Hoje, mães e pais fazem promessas e simpatias no túmulo para fazer
com que os pequenos “larguem” a chupeta. O mistério do livro de pedra "que
se move" e túmulo de famosos, como o primeiro presidente do Brasil, também
estão entre os mais visitados por quem passa pelo local.
Quem visita o cemitério
hoje vê uma cena inusitada: um túmulo com a estátua de uma criança repleto de
chupetas. O bebê Nelson Machado Sant’Anna nasceu em 27 de setembro de 1917, há
pouco mais de 100 anos. Quando era ainda uma criança, em abril de 1921, morreu
engasgado com a chupeta, e anos depois, passou a ser conhecido como “Nelson da
Chupeta”.
O fenômeno tem uma
explicação no mínimo curiosa: as mães e pais de crianças fazem orações e
promessas para que os pequenos larguem a chupeta. Quando conseguem, eles deixam
os objetos lá, como uma "promessa". Segundo a Chefe do Setor de
Cemitérios da Prefeitura, Elaine Seguezzi, o ato é mais comum do que se pode
imaginar. “Todos os dias tem gente que vem”, declarou.
Além
da promessa para os pequenos, futuras mamães também vão até o "Nelson da
Chupeta" e rezam para ter um bom parto. A crença popular não tem uma data
de início exata e nem uma explicação de como se espalhou. É um mistério até
para os funcionários do cemitério. “A gente não tem ideia de como começou”,
contou Elaine.
O G1 foi
conferir de perto o túmulo do pequeno Nelson e encontrou cerca de 20 chupetas
em cima e atrás da estátua do bebê. Flores e doces que fazem sucesso com o
público infantil também são deixados no local em homenagem ao menino.
Os populares
Além do
"Nelson da Chupeta", outras personalidades que foram enterradas no
Cemitério da Saudade são visitadas com frequência pela população piracicabana.
O túmulo mais popular é o do Alfredo Cardoso, médico que foi “ousado” ao fazer
uma cirurgia muito delicada para a época: a da glândula da tireoide. O túmulo
dele vive repleto de flores e homenagens.
O túmulo de
João de Almeida Prado, o “Pradão”, que foi um fazendeiro de Piracicaba, também
é bastante visitado, mas por um motivo peculiar: alguns juram que o livro que
fica ao lado da estátua dele se move. Alguns dias ele está na mão dele, outras
está no chão, segundo a lenda. No entanto, Elaine garante: “'Tá sempre no
chão”, brinca.
O
primeiro presidente civil do Brasil também está entre as 150 mil pessoas que já
foram enterradas no cemitério: Prudente José de Moraes e Barros, o Prudente de
Moraes. Apesar de ter nascido em Itu, ele viveu boa parte da vida em
Piracicaba, e morreu e foi enterrado na terra do peixe e da cachaça.
A capela também é
“alvo” de quem passa pelo cemitério para visitar um ente querido. Construída em
1910, a igrejinha histórica tem como padroeiro São Miguel Arcanjo, mas a imagem
original do santo sumiu há muito tempo. Segundo Elaine, não se sabe o que
aconteceu até hoje.
A lenda do padre
Um
mito que permeia o imaginário do povo piracicabano é do padre Galvão, que foi
vigário da cidade até 1898. O túmulo dele é o único que fica fora da ordenação
de ruas do cemitério, bem no meio de uma das vias. A lenda diz que no dia do
seu sepultamento, o caixão caiu naquele ponto e ninguém mais conseguiu
removê-lo.
No entanto, Elaine esclarece que o que aconteceu é bem
diferente do mito: pouco tempo depois que o padre foi enterrado, uma reforma
mudou a localização e a forma de organização dos túmulos. O do vigário foi o
único que permaneceu no lugar original porque ele era uma figura considerada
santa na cidade. Hoje, os fiéis deixam imagens de santos, objetos católicos,
flores e velas para homenagear o padre.
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Patrimônio
Além
das lendas e dos túmulos famosos, o Cemitério da Saudade em Piracicaba também
conta com monumentos tombados como patrimônio histórico da cidade. O portal que
dá acesso à entrada principal é um deles. Ele foi planejado pelo arquiteto
italiano Serafino Corso. Os túmulos de Almeida Junior, José Pinto de Almeida e
Prudente de Moraes também são tombados.
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Do G1