O prefeito de Itajaí, no Vale, Volnei Morastoni (MDB), afirmou na noite desta segunda-feira (3), que existe a possibilidade de a cidade adotar a aplicação de ozônio por via retal como medida de tratamento contra a Covid-19 em pacientes confirmados e com sintomas. A técnica, entretanto, não tem eficácia comprovada contra o coronavírus e foi rechaçada por especialistas consultados.
“É uma aplicação simples, rápida, de dois ou três minutinhos por dia, provavelmente vai ser uma aplicação via retal. É uma aplicação tranquilíssima, rapidíssima de dois minutos com cateter fino, e isso dá uma resultado excelente”, disse Morastoni, que também é médico pediatra e homeopata.
As declarações do prefeito foram feitas durante uma transmissão ao vivo realizada em uma rede social oficial da administração municipal.
“A pessoa tem que fazer durante 10 dias seguidos, são 10 sessões de ozônio, e isso ajuda muitíssimo, provavelmente, os casos de coronavírus positivo”, completou Morastoni.
Segundo balanço divulgado pela prefeitura, Itajaí tem 3.648 casos confirmados e 105 mortes decorrentes do novo coronavírus. Itajaí registra também 2.969 recuperados, além de 153 casos suspeitos. A cidade tem cerca de 220 mil habitantes, de acordo com estimativa do IBGE feita em 2019.
Ministério público
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) encaminhou na tarde de terça-feira (4) uma recomendação para que o prefeito de Itajaí, no Vale, Volnei Morastoni, não use ozônio no tratamento do coronavírus.
“O Ministério Público recomenda a Vossa Excelência que se abstenha de disponibilizar, no âmbito do Município de Itajaí, a prática da ozonioterapia como forma de tratamento medicamentoso em eventuais diagnósticos de Covid-19”, informa o documento.
“O efeito da ozonioterapia em humanos infectados por coronavírus (Sars-Cov-2) é desconhecido e não deve ser recomendado como prática clínica ou fora do contexto de estudos clínicos desconhecido e não deve ser recomendado como prática clínica ou fora do contexto de estudos clínicos”, destaca o promotor na recomendação a partir de uma nota técnica do Ministério da Saúde.
No documento da 13ª Promotoria de Justiça da Comarca de Itajaí, o promotor Maury Roberto Viviani considera notas técnicas e apontamentos de diferentes entidades médicas sobre a falta de comprovação científica da técnica e o risco à população.
G1